quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bahia comemora o Dia da Luta Antimanicomial

Texto elaborado pela jornalista Carla Santana

Há 20 anos, o Dia da Luta Antimanicomial (18 de maio) é comemorado na Bahia através da promoção de debates e manifestações políticas e culturais com foco na luta pela efetivação da reforma psiquiátrica no estado. Na programação deste ano, além de palestras, atividades esportivas e outras atividades realizadas com base no tema “Solidariedade: Há em Ti, há em mim”, foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal de Salvador. A sessão especial aconteceu no dia 20 de maio. Além de vereadores da capital, estiveram presentes autoridades municipais e estaduais da saúde e representantes do coletivo de entidades da luta antimanicomial da capital baiana: Conselho Regional de Psicologia 3ª Região – Bahia e Sergipe (CRP-03), Associação Metamorfose Ambulante (AMEA), dos usuários e familiares da saúde mental, Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios (NESM), Grupo de Trabalho (GT) Eduardo Araujo, composto por estudantes da área de saúde e Conselho Regional de Serviço Social da Bahia (CRESS - 5ª Região). A sessão serviu para tornar públicas as deficiências do setor, além de expor a reivindicação pelo passe livre no sistema de transporte público para pacientes com transtorno mental. “Outro destaque da pauta foi a reforma antimancomial: a que temos e a que queremos ter”, declara o presidente da AMEA, Josueliton de Jesus Santos. O dia 18 de maio é comemorado por profissionais, usuários, familiares e militantes da área de saúde mental, desde 1987, quando um grupo de profissionais de saúde lançou um movimento nacional centralizado em Bauru (SP), com o lema "Por uma sociedade sem manicômios". A luta antimanicomial é representada principalmente pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), onde os pacientes – encaminhados pela rede de saúde do município ou de demanda espontânea - não ficam internados, mantendo o vínculo com a família e a sociedade. Lá, são acompanhados por equipes multidisciplinares formadas por psicólogas (os), assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiras (os), auxiliares de enfermagem, médicas (os), oficineira (os) e, em alguns casos, pedagogas (os) e recreadoras (es).

Parada do Orgulho Louco e outras ações

As entidades da luta antimanicomial de Salvador também organizaram, no dia 22 de maio, a Parada do Orgulho Louco, com cortejo saindo das imediações do Morro do Cristo em direção ao Farol da Barra, com trio elétrico animado por bandas locais, como de costume. “Este é o terceiro ano consecutivo da Parada, um momento especial em que podemos mostrar que somos organizados e que podemos estar inseridos na sociedade de forma positiva”, diz Josueliton que, além de presidente da AMEA, é usuário dos serviços de saúde mental. “A AMEA é a única organização composta exclusivamente por usuários (80%) e familiares (20%) dos serviços de saúde mental”, destaca. De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho de Saúde Mental do CRP 03, Mariana Carteado, este ano, o mês de maio será ainda mais intenso para os militantes da reforma psiquiátrica. “Além das comemorações pela passagem do 18 de maio, haverá a etapa estadual da IV Conferência Nacional da Saúde Mental (IV CESMI/Ba) nos dias 25 a 27 de maio, no Centro de Convenções. Apresentações teatrais de integrantes da AMEA através do Projeto “Insanidade em Cena” integraram a programação da Parada do Orgulho Louco e também estarão na IV CESMI/BA. “Trata-se de um projeto da Fundação Cultural que tem como objeto central os integrantes da Associação e que pretende trazer as questões referentes à saúde mental para o cotidiano das pessoas”, explica o presidente da AMEA. Josueliton Santos destaca que a arte funciona para os usuários dos serviços de saúde mental como um elemento resgatador da alma. “Através do teatro, os atores colocam para fora sentimentos e pensamentos que, muitas vezes, a terapia não alcança. Os ensaios têm sido muito bons para os 25 integrantes da AMEA que integram o projeto atualmente”, conclui. As reuniões semanais da AMEA acontecem na sede do Conselho Regional de Psicologia 3ª Região (CRP 03), na Federação, todas as quartas-feiras.

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